O Ministério Público Eleitoral informou, durante coletiva de imprensa, que solicitou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a cassação dos mandatos do prefeito de Uruguaiana, Ronnie Mello (PP), e do vice-prefeito, José Fernando Tarragó (Republicanos).
Após investigação do Ministério Público (MP) e da Polícia Federal (PF), foram encontrados indícios de desvio de dinheiro público para a campanha eleitoral, por meio da contratação de garis fantasmas. Um dos laranjas é um estudante de Medicina de Santa Catarina, filho do dono da empresa — também do Estado vizinho — contratada desde 2017 para fazer a limpeza urbana do município da Fronteira Oeste.
Segundo os promotores Vitassir Edgar Ferrareze e Luiz Antônio Barbará Dias, foram encontrados indícios de arrecadação ilegal na campanha do ano passado, com sinais claros de captação e gastos ilícitos de recursos para fins eleitorais. Eles destacaram que houve até o incremento de valores na folha de pagamento da terceirizada, que teria servido para financiar os políticos.
— Verificou-se, aliás, que, com a proximidade das eleições municipais do ano de 2020, a relação de promiscuidade dos envolvidos tornou-se ainda mais intensa — destacou Ferrareze.
O pedido de cassação — que, conforme o TRE, não tem prazo estipulado para decisão — foi feito com base em investigação que começou em Santa Catarina, sobre lavagem de dinheiro envolvendo empresas do Estado vizinho e que estavam envolvidas com agentes públicos no Rio Grande do Sul. Em janeiro, MP e PF iniciaram uma nova apuração, que teve como resultado a operação realizada nesta manhã em Uruguaiana.
Ao todo, 60 agentes cumpriram 12 mandados de busca na prefeitura, incluindo o gabinete do prefeito, e nas secretarias da Fazenda, Administração e de Infraestrutura Urbana e Rural, além de residências e empresas. São pelo menos 30 investigados: 10 agentes públicos, 10 empresários e 10 laranjas.
Financiamento ilícito
O nome da empresa investigada ainda não foi divulgado. De acordo com a apuração, foram contratados 11 garis fantasmas pela terceirizada — incluindo, além do filho, a esposa do proprietário.
A PF e o MP destacam que os valores seriam direcionados para a campanha eleitoral. Houve o desvio já apurado de R$ 100 mil, mas a delegada Ana Gabriela Gomes, da PF em Uruguaiana, acredita que a arrecadação ilícita foi ainda maior.
— Apuramos falsificação de documentos, caixa dois, estelionato, desvio de recursos públicos, corrupção e crimes licitatórios — explicou a delegada.
Na ofensiva desta terça-feira, foram apreendidos documentos, celulares e computadores para a obtenção de mais provas sobre os desvios. Uma pessoa foi presa em flagrante por porte ilegal de arma. Também foi instaurado inquérito pelo promotor de Uruguaiana, Pablo Alfaro, para apurar improbidade administrativa. A operação deflagrada recebeu o nome de Gaspar em alusão ao personagem Gasparzinho, o Fantasminha Camarada. (GZH Política)